RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
Banquete oferecido ao General Honório Lemes (na ponta da mesa) pelo Dr. Fernando Abbott em sua residência em São Gabriel.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

DOIS PRA LÁ, DOIS PRA CÁ!

Certa feita, proseando com o saudoso acordeonista Honeyde Bertussi, um dos precursores da música galponeira em nosso Estado, ele me falou: - nós, gaúchos, não alcançaremos nunca a harmonia vocal das duplas caipiras. Ele se referia a Tião Carreiro e Pardinho, Pedro Bento e Zé da Estada, Tonico e Tinoco e outros daquela época.

Ao contrário da música popular sertaneja que sempre andejou em dueto, os cantores rio-grandenses, por características culturais próprias, sempre tentearam solitos, com raras exceções como os próprios Irmãos Bertussi.

Contudo, de uma década para cá, uma dupla de gaúchos, jovens autênticos, conhecedores da lida campeira pois vivenciam aquilo que cantam, vêm fazendo um enorme sucesso nos pagos do sul e além fronteiras. Falo de César Oliveira e Rogério Melo.

Dedicados e preocupados com a qualidade de suas obras desde a sonoridade até a parte gráfica, sempre costeados de ótimos músicos e compositores, com um repertório alegre e representativo do viver pastoril de nossa gente, mas sem deixar de lado a canção mais trabalhada, mais introspectiva, vão reculutando multidões de todas as idades nos vastos rincões por onde andejam cantando a nossa querência.

César Oliveira é crioulo da fronteira. Nasceu a 8 de dezembro de 1969 em Itaqui, na divisa com a Argentina, mas foi em São Gabriel, cidade para onde mudou-se ainda criança, que iniciou a sua formação cultural desenvolvida, principalmente, nos CTGs da região.

Rogério de Azambuja Melo nasceu em 18 de maio de 1976, em São Gabriel e foi no CTG Caiboaté, ali, bem no centro da Terra dos Marechais, que começou a demonstrar apreço pela arte folclórica.

Amigos de infância, César e Rogério iniciaram carreiras solos atuando com brilhantismo nas dezenas de festivais que proliferavam pelo Rio Grande ao final dos anos oitenta e década de noventa. Vez por outra acolheravam um trabalho em dueto, sempre com sucesso, até que no ano de 2002 gravaram o CD Das Coisas Simples da Gente, definindo-se como a dupla César Oliveira & Rogério Melo.

De lá para cá, preenchendo um vácuo na musicalidade sulina pois fizeram rebrotar um sentimento telúrico já querendo apagar-se da alma daqueles que tem na pampa uma história de vida, além de resgatarem para o gauchismo milhares de jovens, César e Rogério tem colhido frutos encorpados de êxitos e de alegrias.

César Oliveira e Rogério Melo foram o sopro que afastou as cinzas do borralho musical gauchesco fazendo avultar a brasa do canto puro.

E se dezenas de duplas sertanejas, a todo o momento e com apoio da mídia (inclusive gaúcha) tentam infiltrar-se em nosso meio artístico, saímos abrindo cancha, peleando e rindo, com sobra de flete, com César Oliveira e Rogério Melo!