RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

UM CARIÚCHO HAITIANO

O Título da postagem é meio estranho, mas eu explico. Estou me referindo ao grande amigo Carlos Alberto do Nascimento, carioca de nascimento (sem trocadilhos), gaúcho de alma e um militar voluntário no Haiti.

Carlos Nascimento e o folclorista Paixão Côrtes

Aquerenciado no Rio Grande do Sul há exatamente 5 anos, 2 meses e 6 dias, o Nascimento é um colega dos buenos e amigo fraterno, além de profundo navegador desta ferramenta chamada internet. É proprietário dos blogs Porto Alegre na Copa e Natureza e Paz e foi graças a esta grande figura humana que montei e levei adiante o meu blog.

Hoje muito se fala na reestruturação do Haiti e das forças brasileiras que, em janeiro, estarão embarcando novamente para aquele país desmantelado administrativamente e semi-destruído por um terremoto recente.

Pois o Carlos Nascimento esteve servindo com a Companhia de Engenharia de Força de Paz, no Haiti, por duas vezes (de 2006 para 2007 e em 2008), e de lá me trouxe, de presente, uma faca Kukri, arma mortal dos lendários soldados do Nepal, para a minha coleção de armas-brancas.

A famosa faca Kukri, dos guerreiros Gurcas Nepaleses, que Nascimento me trouxe do Haiti, de regalo.

Ao falar no Haiti Carlos Nascimento se emociona por ter vivenciado tanta pobreza, tanta injustiça e tanto descaso.

- Quando cheguei pela primeira vez nas terras caribenhas do Haiti em junho de 2006, já esperava o que iria encontrar pelas ruas da capital Porto Príncipe. Muita pobreza, trânsito sem sinalização, falta de limpeza urbana, ocasionando lixo espalhado por todos os cantos e também falta de saneamento urbano, sem energia elétrica (à noite era uma escuridão total), apenas o que iluminava as ruas eram umas latas com fogo dentro, improvisado pela população para vender alguns alimentos e objetos.

Apesar de todos os problemas que o país estava passando, o sorriso do povo haitiano era nítido. Era o sorriso de uma gente agradecida a todos nós que ajudávamos e que passávamos um pouco de conforto, um resto de esperança.

Quando um forte terremoto devastou o Haiti no dia 12 de janeiro, foi uma tristeza muito grande no coração de todos nós e de toda a humanidade.

Cada dia passado no Haiti ficou marcado em minha vida. Agora estamos aqui, no Rio Grande do Sul, com tantos recursos para sobreviver, enquanto que os amigos haitianos, entre outras necessidades, tenham que se utilizar como meio de transporte urbano, os “tap-taps” e caminhões tipo baú com cordas para as pessoas subirem para o deslocamento.

Foram quase um ano de convivência com eles, até poderia escrever meu diário na tão nobre missão, mas o tempo em que passamos foi inteiramente dedicado à solidariedade e compaixão com um povo que acredita na vida.

Hoje em dia, o Carlos Nascimento é um interessado pela cultura gaúcha. Faz pesquisas, estudos, e não pretende deixar tão cedo nossa amada Província de São Pedro. Seja bem-vindo, Carlos Nascimento.

William, menino haitiano admirador do Brasil e Nascimento. Não se tem notícias de sua sobrevivência, após o terremoto.