RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA

terça-feira, 5 de outubro de 2010

NOSSA TERRA - CAXIAS DO SUL

Colonos italianos expondo seus produtos. Notem que as casas eram dotadas de amplos porões, onde se produziam os vinhos, queijos, salames...

Caxias do Sul é um município da Região Sul do Brasil, localizado no estado do Rio Grande do Sul. A cidade foi erguida onde o Planalto de Vacaria começa a se fragmentar em vários vales, sulcados por pequenos cursos de água, com o resultado de ter uma topografia bastante acidentada na sua parte sul. A área era habitada por índios desde tempos imemoriais, mas foi povoada pelo homem branco somente no final do século XIX, quando o governo do Brasil Imperial decidiu colonizar a região com uma população europeia. Desta forma, milhares de imigrantes, em sua maioria italianos da região do Vêneto, mas com alguns integrantes de outras origens como alemães, franceses, espanhóis e polacos, cruzaram o mar e subiram a serra gaúcha, desbravando uma área ainda quase inteiramente virgem.

Depois de um início cheio de dificuldades e privações, os imigrantes conseguiram estabelecer uma próspera cidade, com uma economia baseada inicialmente na exploração de produtos agropecuários, com destaque para a uva e o vinho, cujo sucesso se mede na rápida expansão do comércio e da indústria na primeira metade do século XX. Ao mesmo tempo, as raízes rurais e étnicas da comunidade começaram a perder importância relativa no panorama econômico e cultural, à medida que a urbanização avançava, formava-se uma elite urbana ilustrada e a cidade se abria para uma maior integração com o resto do Brasil. Durante o primeiro governo de Getúlio Vargas houve uma séria crise entre os imigrantes e seus primeiros descendentes e o meio brasileiro, quando o nacionalismo foi enfatizado e as manifestações culturais e políticas de raiz étnica estrangeira foram severamente reprimidas. Depois da II Guerra Mundial a situação foi apaziguada, e brasileiros e estrangeiros passaram a trabalhar concordes para o bem comum.

Desde então a cidade cresceu aceleradamente, multiplicando sua população, atingindo altos índices de desenvolvimento econômico e humano, e tornando sua economia uma das mais dinâmicas do Brasil, presente em muitos mercados internacionais. Também sua cultura se internacionalizou, dispondo de várias instituições de ensino superior gabaritadas e apresentando uma significativa vida artística e cultural em suas mais variadas manifestações, ao mesmo tempo em que passava a experimentar problemas típicos de cidades com alta taxa de crescimento, como a poluição, surgimento de favelas e aumento na criminalidade.

Origens e colonização

Antes da chegada dos imigrantes italianos a região era habitada por índios, e daí vem sua denominação antiga de Campo dos Bugres. Por ali também passavam tropeiros em seus deslocamentos entre o sul do estado e o centro do país, e os jesuítas tentaram fundar algumas reduções, embora sem sucesso.

Na segunda metade do século XIX, em virtude da guerra de unificação italiana, aquele país europeu se encontrava em grave crise social e econômica, e os agricultores empobrecidos já não conseguiam garantir a subsistência. Nesta época o governo imperial do Brasil decidiu empreender a colonização de áreas desabitadas do sul do país, incentivando a vinda de imigrantes da Itália, após o bom sucesso da iniciativa semelhante com o elemento germânico. A área escolhida era então conhecida como Fundos de Nova Palmira, região formada por terras devolutas, delimitadas pelos Campos de Cima da Serra ao norte e pela região dos vales, ao sul, de colonização alemã.

O núcleo urbano primitivo da cidade em torno de 1876Em 1875 chegaram os primeiros colonos, em sua grande parte oriundos da região do Vêneto, após enfrentarem a árdua travessia do Atlântico, que durava cerca de um mês, em navios superlotados e onde as mortes por doenças e más condições gerais eram comuns. Inicialmente os imigrantes aportavam no Rio de Janeiro, onde permaneciam em quarentena na Casa dos Imigrantes. Embarcavam em um vapor até o sul, chegando em Porto Alegre, onde eram encaminhados ao antigo Porto Guimarães, hoje o município de São Sebastião do Caí, e em seguida subiam a serra, atravessando a região ainda praticamente selvagem, até chegarem ao seu destino, a área onde hoje é Nova Milano. Dali se transferiram a partir de 1876 para a chamada a Sede Dante, local da futura Caxias do Sul, o centro administrativo da colônia, a primeira a ser demarcada na região, onde eram recebidos num barracão de madeira - donde o epíteto Barracão também atribuído à pequena sede colonial - depois distribuindo-se nos lotes rurais a eles atribuídos pelo governo. Um ano depois já se encontravam no local cerca de dois mil colonos.Em 11 de abril de 1877 a denominação oficial passava a ser Colônia Caxias, em homenagem ao Duque de Caxias.

Festa da Uva

A Festa da Uva é a principal festividade de Caxias do Sul, dedicada a celebrar a colonização italiana e reavivar as tradições históricas da comunidade. Realiza-se a cada dois anos desde 1931, e anima toda a cidade em uma variedade de eventos que se desenrolam nos quinze dias de sua duração. No Parque de Exposições são montados centenas de estandes que apresentam os produtos agrícolas típicos da região, naturalmente com destaque para a uva, além de outras seções darem uma amostragem da atividade local nos setores da culinária, da indústria e do comércio. Acontecem também shows de música, teatro, danças, distribuição gratuita de uva, exposições temáticas, artísticas e históricas, jogos desportivos típicos da vida colonial como arremesso de queijo, amassamento de uva com os pés e corrida de tratores, as cantinas e vinícolas se abrem para os turistas, mas o evento mais marcante é o desfile de carros alegóricos, que ilustram vários aspectos do tema proposto para cada edição. No desfile aparecem a rainha e as princesas da Festa, consideradas verdadeiras embaixatrizes da cidade, divulgando-a em outros lugares.Embora os imigrantes italianos sejam os protagonistas da Festa, outras etnias que participaram da construção da cidade também são representadas e homenageadas.