RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA

domingo, 5 de maio de 2024

 

O SILÊNCIO 


Hoje pela manhã acessei meu celular para ver como andava essa tragédia que se abalou sobre nosso Estado. 

Em meio a diversas postagens de pura aflição vi uma aonde um gaúcho, amigo de face, vaidosamente postava sobre sua viagem pelo Caribe, falando das belas praias, das comidas, da cultura, do seu bronzeado, coisa e tal. 

Entrei em seu post e comentei questionando como ele conseguia, nestes momentos, compartilhar algo tão fora do contexto. 

Achando que eu tinha sido muito rude, que não tinha essa liberdade, apaguei meu comentário mas fiquei com um nó na garganta. Pessoas totalmente insensíveis apesar dos fartos estudos. 

Na sequência fui olhando mais postagens e, em seguida, topo com essa do Fabrício Carpinejar. 

Sensacional. 



  

 

CADA QUAL COM SEUS HERÓIS



 meu Pai Bernardino Souza
Foto restaurada por: Paulo Ricardo Costa

Num dia 05 de maio, do ano de 1994, portanto a exatamente trinta anos, falecia meu pai Bernardino Souza, um gaúcho sem cavalo, um peão da "boleia" do caminhão. 

Não me sai da lembrança quando, no dia 1º de maio daquele ano, ao seu lado num leito do Hospital de Caridade de São Francisco de Paula, a televisão noticiou a morte de Ayrton Senna, ele saiu-se com esta tirada: - Mas é ligeiro este Senna. Vai chegar primeiro que eu no céu...

Realmente (e com razão) naqueles dias o mundo preocupava-se com a morte deste grande ídolo brasileiro mas minha grande aflição era outra. Eu me entristecia com a morte de meu melhor amigo. Chorava o falecimento de um "piloto" que passou sua existência dirigindo caminhões e ônibus pelo meio do mato, por estradas barrentas e daí tirou o sustento de nossa família.

Passados trinta anos ainda sinto muito a sua falta. Queria dizer-lhe palavras que não disse, fazer coisas que não fiz e que só após a sua morte me dei conta. Mas a vida é assim e apesar de tudo acho que fui um bom filho.

Ayrton Senna também é meu ídolo mas o meu herói continua sendo o Bernardino Souza. 

Em tempo: Sempre que me vejo embretado eu faço uma oração ao meu velho e, por incrível que pareça, as coisas se resolvem. Então, nestes momentos trágicos por que passa o no Estado, eu me socorro de ti pedindo que olhe por nossa gente. 


sábado, 4 de maio de 2024


ME TAPO DE NOJO 



Eu fico impressionado e comovido com a rede de solidariedade humana que flui quando acontecem estas tragédias. Considero verdadeiros heróis os voluntários, a defesa civil, os bombeiros, o exército, enfim, todos que deixam seus afazeres e se jogam de corpo e alma a prestar algum auxilio a quem está precisando. Quantos e quantos relatos lindos de pessoas anônimas que estão ali para colaborar. Da confecção de uma marmita de comida ao enfrentamento das águas para retirar pessoas de suas casas. 

Contudo, e sempre há um porém até mesmo nestas ocasiões, é triste saber que as pessoas não querem abandonar seus lares prestes a serem inundados por temerem que os ladrões apareçam e levem seus pertencentes. Saber que alguns comerciantes aumentam os preços das lonas porque a procura aumentou, ver as redes sociais infestadas de postagens de festas em meio a infelicidade de tantos.  

E hoje li sobre o pior de tudo. Golpistas alugando helicópteros que não existem, com pagamentos adiantados obviamente, sob a falsa promessa de salvamento de ilhados. Brincam com o desespero das pessoas. 

Esses deserdados de bondade deveriam sentir o que sente quem perdeu tudo aquilo que levou uma vida inteira para construir. 

Ainda bem que essa urubuzada é uma ínfima minoria. 


 

         

sexta-feira, 3 de maio de 2024

 

NÃO CRUZE OS BRAÇOS


CTG Tropilha Crioula - Arroio dos Ratos


Em meio a desgraceira que se abalou sobre nossa querência, acompanhando as reportagens, tenho visto que diversas entidades tradicionalistas tem prestado significativo apoio aos atingidos pelas enchentes.  

São dezenas de Centros de Tradições que abriram suas portas para recebimento de donativos ou mesmo servindo de abrigo as pessoas que tiveram que sair de seus lares. Dançarinos, pais, amigos, servindo de voluntários na confecção de marmitas, na separação e distribuição de peças de vestuário, no carinho a quem tanto necessita neste momento crucial. 

Até por essa função social que vai além da preservação de nossos costumes os Centros de Tradições tem sobrevivido, encravados nas vilas, peleando só com o cabo da faca, enquanto muitas sociedades de renome não resistiram as quebradeiras. 

  


quinta-feira, 2 de maio de 2024


NÃO VAMOS NOS ENTREGAR 



Quem faz sem alarde,

quem luzes contorna,

mais cedo ou mais tarde

o bem lhe retorna. 

Léo Ribeiro

Meus queridos amigos e amigas que dedicam um tempo para acessar este periódico cultural rio-grandense, eu vos peço, com todo o ardor, que de alguma forma ajudem nossos irmãos que não tem a mesma sorte nossa, de estarmos pelas casas, secos e alimentados. As desgraças climáticas tem sido uma constância em nosso Estado mas já provamos outras vezes que, além de fortes, somos hospitaleiros e humanos. 

Participe do seu jeito. Da forma que puder.

Desculpem mas, depois de tantas imagens comoventes neste trágico primeiro de maio, não estou nos meus melhores dias. Minha vontade era de estar lá, no campo de batalha, em meio a lama, contudo existem outras maneiras de ajudar. 

Vamos nos reerguer novamente. 

   

 

quarta-feira, 1 de maio de 2024

 

 O BISPO POETA 



Hoje estaria de aniversário, completando 108 anos, o bispo Dom Luiz Felipe de Nadal, autor de diversos poemas gauchescos e coautor, em parceria com o padre Paulo Aripe, o Potrilho, da famosa oração Prece do Gaúcho. 


 

 

ORIGEM DO DIA DO TRABALHADOR


 

 Gustave Courbet, pintor francês -  1855


Em 1886, realizou-se uma manifestação de trabalhadores nas ruas de Chicago, nos Estados Unidos. Essa manifestação tinha como finalidade reivindicar a redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias e teve a participação de milhares de pessoas. Nesse dia teve início uma greve geral nos Estados Unidos. No dia 3 de maio houve um pequeno levantamento que acabou com uma escaramuça com a polícia e com a morte de três manifestantes. No dia seguinte, 4 de maio, uma nova manifestação foi organizada, em protesto pelos acontecimentos dos dias anteriores, tendo terminado com o lançamento de uma bomba por desconhecidos contra os policiais que tentavam dispersar os manifestantes. A polícia abriu então fogo sobre a multidão. A explosão do artefato e o tiroteio que se seguiu resultaram na morte de sete policiais e pelo menos quatro civis, além de ferir vários outros. Na sequência, cinco sindicalistas foram condenados à morte e três condenados à prisão perpétua. Estes acontecimentos passaram a ser conhecidos como a Revolta de Haymarket. 

Três anos mais tarde, no dia 20 de junho de 1889, a segunda Internacional Socialista reunida em Paris decidiu convocar anualmente uma manifestação com o objetivo de lutar pela jornada de 8 horas de trabalho. A data escolhida foi o primeiro dia de maio, como homenagem às lutas sindicais de Chicago. Em 1º de maio de 1891 uma manifestação no norte de França foi dispersada pela polícia, resultando na morte de dez manifestantes. Esse novo drama serviu para reforçar o significado da data como um dia de luta dos trabalhadores. Meses depois, a Internacional Socialista de Bruxelas proclamou esse dia como dia internacional de reivindicação de condições laborais. 

Em 23 de abril de 1919 o senado francês ratificou a jornada de 8 horas e proclamou feriado o dia 1º de maio daquele ano. Em 1920 a União Soviética adotou o 1º de maio como feriado nacional, e hoje este exemplo é seguido por muitos outros países. Até hoje, o governo dos Estados Unidos se nega a reconhecer o 1º de maio como o Dia do Trabalhador.  

Dia do Trabalhador no Brasil 

Com a chegada de imigrantes europeus no Brasil, as ideias de luta pelos direitos dos trabalhadores vieram junto. Em 1917 houve uma Greve geral. Com o crescimento do operariado, o dia 1º de maio foi declarado feriado pelo presidente Artur Bernardes em 1925. 

Dia do Trabalhador no mundo 

Muitos países em todos os continentes celebram o dia 1º de maio como Dia do Trabalhador, Dia do Trabalho, Dia Internacional do Trabalhador ou Dia de Maio. Em países onde o dia 1º de maio não é feriado oficial, demonstrações são organizadas nesse dia em defesa dos trabalhadores. 

Alguns países celebram o Dia do Trabalhador em datas diferentes de 1º de maio:

Nova Zelândia celebra o Dia do Trabalho na quarta segunda-feira de outubro, em homenagem à luta dos trabalhadores locais que levou à adoção da jornada diária de 8 horas diárias antes da greve geral que resultou no massacre nos Estados Unidos.

Na Austrália o Dia do Trabalho varia de acordo com a região. 

Estados Unidos e Canadá celebram o Dia do Trabalho na primeira segunda-feira de setembro, escolhido propositadamente para que não fosse lembrado o massacre de 1º de maio.


Gravura que representa o Massacre do dia 1º de maio 


terça-feira, 30 de abril de 2024

 

BATALHA DO BARRO VERMELHO


A Batalha do Barro Vermelho ou Combate de Rio Pardo foi um conflito travado em 30 de abril de 1838, durante a Guerra dos Farrapos. Cerca de 5 mil homens se enfrentaram, numa das maiores vitórias dos rebeldes gaúchos em toda a campanha.

Bento Gonçalves, Bento Manuel, Antônio de Sousa Neto e Domingos Crescêncio comandaram os farrapos que atacaram Rio Pardo. O marechal Sebastião Barreto e o major José Joaquim de Andrade Neves, ao perceberem que não conseguiriam defender a cidade, ordenaram que os soldados resistissem, enquanto reuniam os outros oficiais para fugir de barco pelo Rio Jacuí.

Tomando a cidade, Sousa Neto capturou a banda imperial e encomendou ao seu maestro, Joaquim José de Mendanha, a composição de um hino para os separatistas. O músico entregou o hino em cinco dias. A letra foi escrita pelo poeta Serafim Joaquim de Alencastre, capitão das forças rebeldes, e a música mais tarde se tornou o Hino do Rio Grande do Sul. Contudo, a letra escolhida por uma comissão do Centenário da Revolução Farroupilha em 1935 foi a terceira a ser escrita, de autoria de Francisco Pinto da Fontoura, o Chiquinho da Vovó.

No local existe hoje a Praça 30 de Abril, também chamada de Praça da Cruz do Barro Vermelho. No ano do centenário do confronto foi erguida uma cruz como monumento aos mortos. Em 2011 a praça ganhou uma escultura (foto abaixo) do arquiteto e artista plástico Sérgio Coirolo.






segunda-feira, 29 de abril de 2024

 

REPONTANDO DATAS 


No dia 29 de abril do ano de 1754 o líder guarani e hoje herói Nacional, Sepé Tiarajú, ataca o Forte de Rio Pardo, depois de ter incendiado o Forte de Cachoeira do Sul no dia 20 do mesmo mês. 

Também num dia 29 de abril, mas no ano de 1976, morria em Porto Alegre o poeta carazinhense Guilherme Schultz Filho, que hoje empresta seu nome a biblioteca do Movimento Tradicionalista Gaúcho. 




 

MARCO HISTÓRICO 


Telefone: Acervo Léo Ribeiro

Nossa geração foi a última a brincar em sua infância sem usar a internet.

Agradeça por isso!


Bola de meia: Acervo Léo Ribeiro


domingo, 28 de abril de 2024

 

COMO SURGIU A LENDA


DO NEGRINHO DO PASTOREIO

Negrinho do Pastoreio do artista Vasco Prado
Av. Júlio de Castilhos - São Francisco de Paula
 
 

O Negrinho do Pastoreio é uma lenda afro-cristã muito contada no final do século XIX pelos brasileiros que defendiam o fim da escravidão, sendo muito popular na região Sul do Brasil.
 
O primeiro registro conhecido da lenda foi feito por Antônio Maria do Amaral Ribeiro, em 1857, que a caracterizou como "uma superstição, que tem tanto de absurda quanto de ridícula e exótica". O Negrinho do Pastoreio também apareceu nas obras de Alberto Coelho da Cunha, em 1872, e de Apolinário Porto Alegre, 1875, que por vezes é considerado o primeiro registro da lenda, e por Alfredo Varela, em 1897. Em 1906, João Simões Lopes Neto publicou a lenda em folhetim na imprensa pelotense e, em 1913, no livro Lendas do Sul, sendo esta versão a mais esteticamente rebuscada e a mais popularizada. Além dos brasileiros, publicaram versões da lenda o escritor uruguaio Javier Freyre em 1890,o espanhol Daniel Granada em 1896 e o argentino Juan Ambrosetti em 1917.
 
Na versão da lenda escrita por João Simões Lopes Neto, o protagonista é um menino negro e pequeno, escravo de um estancieiro muito mau; este menino não tinha padrinhos nem nome, sendo conhecido como Negrinho, e se dizia afilhado da Virgem Maria. Após perder uma corrida e ser cruelmente punido pelo estancieiro, o Negrinho caiu no sono, e perdeu o pastoreio. Ele foi castigado de novo, mas depois achou o pastoreio, mas, caindo no sono, o perdeu pela segunda vez. Desta vez, além da surra, o estancieiro jogou o menino sobre um formigueiro, para que as formigas o comessem, e foi embora quando elas cobriram o seu corpo. Três dias depois, o estancieiro foi até o formigueiro, e viu o Negrinho, em pé, com a pele lisa, e tirando as últimas formigas do seu corpo; em frente a ele estava a sua madrinha, a Virgem Maria, indicando que o Negrinho agora estava no céu. A partir de então, foram vistos vários pastoreios, tocados por um Negrinho, montado em um cavalo baio.
 
No livro “Como Nasceram as Estrelas”, de Clarice Lispector, a história “O Negrinho do Pastoreio” , entre outras lendas, foi abordada. Nessa versão, a história é escrita para o público infanto juvenil, sendo mais branda que a adaptação de Simões Lopes Neto, e mais detalhada que outras adaptações lançadas em formato de história em quadrinhos focadas no público infantil.
 
A lenda o negrinho do pastoreio possui muitas cenas fortes e duras, como muitos contos de fadas europeus. Assim como esses contos, a lenda gaúcha possui algumas adaptações que abordam a história de forma branda e bastante lúdica, em formato de livro infantil ou história em quadrinho. Como por exemplo: Lendas Brasileiras da Turma da Mônica, da Editora Girassol, e Coleção Folclore Mágico, da editora Ciranda Cultural. Nessas adaptações infantis o filho do patrão, uma criança, não abordado como vilão, e as formigas são amigas do Negrinho e não o matam.

Hoje em dia o Negrinho do Pastoreio é lembrado quando se perde algum objeto. As pessoas que campeiam algo extraviado acendem uma vela e fazem uma oração em seu louvor e, invariavelmente, o que se procura é encontrado. 

Um bom domingo a todos.


sábado, 27 de abril de 2024

 

CANTAR DE LAMENTO DO VELHO GAITEIRO

 


Da minha cordeona que aos poucos se fecha
ganhei esta mecha de branco nas crinas
e antes que a gaita se vá pro estojo
eu sugo o apojo de um som que termina.

Comparo meu corpo com a gaita cansada
por léguas d’estrada, noitadas sem fim,
pois trago nas veias gaitaços malevas
e a gaita carrega pedaços de mim.

Levo no meu canto de pura linhagem
terrunhas mensagens de guerra e de amor
abrindo este foles, mesmo na velhice,
é como se abrisse no campo uma flor. 

Versos de: Léo Ribeiro
Gravura de: Vasco Machado

Obs: Esta letra foi gravada por Albino Manique

sexta-feira, 26 de abril de 2024

 

MATES DE SAUDADES 

Como homenagem ao Mestre Albino Manique posto esta canção, dentre as tantas que compomos juntos, por ser a que mais me toca neste momento. 

A interpretação, nesta gravação, é do Paquito e do Joia.



MATES DE SAUDADES
 Letra: Léo Ribeiro
Música: Albino Manique
Interpretação: Paquito e Joia




 

SE FOI O ALBINO VELHO


Chegando agora da despedida derradeira ao Albino Manique. Não poderia ser diferente mas foi um momento de muito nostalgia, principalmente quando o gaiteiro Luciano Maia pegou a gaita do Albino e, acompanhado por sublime toque de violino, retrechou a música "saudade". 

Na ocasião eu comentava com o também gaiteiro Daltro Bertussi, que desceu a serra de Caxias, que o Albino, por tudo que fez, pelo legado que construiu e deixou, pelas alegrias que levou a cada rincão deste Rio Grande, merecia um número maior de pessoas lhe prestando o adeus final. O Daltro me falou que o velório de Paulinho Siqueira, acontecido recentemente, também foi assim. Penso que é a correria do dia a dia que rouba o tempo da gente até mesmo para momentos tão significativos. 

E para o mal dos pecados, ao chegar no rancho fiquei sabendo que o meu amigo João Antunes, poeta missioneiro lá da Bossoroca, morreu de um enfarto nesta madruga.

A coisa, este ano, anda osca.


   

     

quinta-feira, 25 de abril de 2024

 

FALECEU ALBINO MANIQUE 



Após algumas informações desencontradas com tristeza confirmamos, através de mensagem de seu irmão, que Albino Batista Manique, mais conhecido como Albino Manique, considerado um dos melhores acordeonistas do Rio Grande do Sul faleceu as 8.30h desta manhã (25) aos 80 anos de idade completados no mês passado. Ele estava internado no Hospital da PUC para tratamento de um câncer no pulmão.  

Albino Manique nasceu em São Francisco de Paula, RS, e suas composições foram inspiradas na sua infância com influências musicais de seu pai, que tocava gaita-ponto em festas populares da região, além de nomes como 
Pedro Raimundo, Osvaldinho e Zé Bernardes, Conjunto Farroupilha, os Irmãos Bertussi, Mário Zan, Luiz Gonzaga, Raul Barboza e Ernesto Montiel.

Por ser autodidata, valia-se das audições dos programas radiofônicos veiculados diariamente, que através da memorização e percepção, desenvolvia as composições. Ainda criança, ao lado de seu grande amigo Francisco Romeu Castilhos, o Chico, desceu a serra para apresentar-se no programa radiofônico o Grande Rodeio Coringa, onde ficaram conhecidos como Os Mirins, grupo que hoje tem mais de 60 anos de existência pontilhada de grandes sucessos.

Tive a honra de, além de ser seu conterrâneo, ter diversas letras musicadas por esse fraterno amigo. 

Vai com Deus, Albino Manique, alegrar com as suas vaneirinhas os encontros musicais do CTG Querência da Eternidade. 


 

POIS É....

ME LEMBREI DO PORCA VÉIA




Ontem cometemos um erro ao compartilhar um acontecimento inverídico sem buscar a fonte correta. Resignados e sentidos reconhecemos o equívoco e nos desculpamos (postagem abaixo). 

Hoje (25) bombeando a contracapa do jornal Zero Hora no quadro Já foi dito, aonde, a cada dia, é repassada uma mensagem através de frases que se tornaram célebres, nos deparamos com o seguinte escrito: "Os homens erram, os grandes homens confessam que erraram". Voltaire, filósofo francês (1694 1778).

Não me considero um grande homem mas, como dizia o Porca Véia, além dos tragos que tomo, confesso os tombos que levo. 



quarta-feira, 24 de abril de 2024

 

BARRIGA 

Barriga, dentro da linguagem jornalística, ocorre quando um profissional de imprensa divulga uma informação equivocada. Nos dias atuais as Barrigas acontecem com normalidade e até de formas propositais. São as chamadas fake News.

Não sou jornalista mas, por manter o presente veículo que é acessado diariamente por centenas e até milhares de pessoas, tento seguir os preceitos do bom jornalismo. Ocorre que, como humano que somos, por vezes falhamos neste sentido, ou seja, o de buscar a veracidade dos fatos antes de postar alguma informação.   

Hoje, influenciado por circulações de notícias sobre a morte do acordeonista Albino Manique, acabei compartilhando o fato e somente após a postagem consegui contato com os familiares sobre o acontecido. Ocorre que a notícia, graças a Deus, era falsa embora a gravidade da enfermidade do nosso querido gaiteiro serrano. 

Nos desculpamos e fica a lição. Desconfie sempre. 


 

     

 

PARABÉNS, 35 CTG


Foto: Léo Ribeiro 


CANTIGA  AO “35” CTG

- Pelo seu aniversário de fundação (24 de abril) -

(Léo Ribeiro)

 

Monumento de madeira

erguido ali na Ipiranga

de frente pr'aquela sanga

que corta avenida inteira.

És entidade pioneira

que vem cruzando estações

gerações pós gerações

mantendo nossos costumes,

servindo de trilha e lume

pros Centros de Tradições.

 

Esta sina madrinheira

vem lá dos tempos antigos

quando um grupo de amigos

se reuniu por vez primeira

trazendo a origem campeira

pras rodas de chimarrão.

Sem ter guarida ou galpão

a Farsul lhes deu um teto

e Antônio da Silva Neto

foi seu primeiro Patrão.

 

Desde então o que se vê

 é o esteio da cultura

 na sua forma mais pura

 transformada em CTG.

 Ali s'entende o porque

 que a gente, longe do pago,

 entre um amargo e um trago

 não sente tanta saudade.

 É o campo na cidade,

 é o abrigo do índio vago.

 

Quantos e quantos farranchos

 naquelas quartas gaudérias!?

 Rádios fazendo matérias

 ali, ao vivo, no rancho...

 Um trovador dava o "gancho"

 outro já vinha rinhando...

 Uns artistas versejando,

 outros dizendo poesias.

 Coisa para as Três Marias

 ficar lá em cima, bailando....

 

 Este é o Trinta e Cinco

 dos cantores, dos poetas,

 dos fundadores, uns profetas,

 dos que labutam com afinco.

 Do santa-fé e do zinco

 protegendo um relicário.

 Somos um só dentre vários 

 eu e tu e sendo assim

 é como fosse pra mim

 este teu aniversário!


Em função do aniversário do 35 CTG, através da Lei Estadual nº 11.929, de 20 de junho de 2003, na data de hoje também se comemora o Dia do Churrasco e o Dia do Chimarrão, comida e bebida símbolos de nosso Estado.



terça-feira, 23 de abril de 2024

 

Foto: Marcelo Cosma - Verso: Léo Ribeiro




 

ÚLTIMA PÁGINA

  



Vida que vai ficando... A encantada paisagem

e os entes que se amou. E as cousas que se quis.

Gestos de amigos leais. Femininos perfis

que deixaram num verso a enternecida imagem.


Dura viagem da vida... A romanceada viagem.

De instante a instante. Aqui e além. Triste ou feliz. 

Com inscrições de bronze e legendas a giz

no roteiro incolor da efêmera passagem.


Poema: Aureliano de Figueiredo Pinto

Gravura: Marciano Schmitz



segunda-feira, 22 de abril de 2024

 

PEÃO FARROUPILHA É DE SANTA MARIA 


Peões Farroupilhas 2024-2025


Fonte: Blog Tradição, Folclore e Cultura Gaúcha / Rogério Bastos

Após três dias de intensa programação, foram conhecidos os representantes masculinos jovens da cultura gaúcha eleitos para o mandato 2024-2025. A festividade foi realizada na região Missioneira, contando com parte das atrações em Entre-Ijuís e outra parte em Santo Ângelo. O 35º Entrevero Cultural de Peões, foi realizado nos dias 18, 19 e 20 de abril.

Desde o início do processo, estiveram envolvidos cerca de 2 mil participantes nas categorias categorias Piá (mirim), Guri (juvenil) e Peão (adulto). Os competidores foram avaliados em conhecimentos históricos e geográficos, habilidades artísticas e conhecimento e desenvoltura nas lides campeiras.

A gestão é composta por nove peões (três em cada categoria). Ao longo do próximo ano, eles têm a responsabilidade de representar o movimento tradicionalista, fomentando a disseminação da cultura, ministrando palestras e marcando presença em eventos oficiais.

"O Entrevero Cultural de Peões é uma tradição importante e uma oportunidade dos concorrentes mostrarem sua dedicação e paixão pelas tradições do nosso estado", afirma a presidente do MTG, Ilva Maria Borba Goulart.

O sábado, último dia da programação, foi marcado por demonstrações práticas aplicadas em Santo Ângelo. As Provas Campeiras, que iniciaram às 8h30min no Parque de Exposições Siegfried Ritter, reuniram competidores e espectadores que mostraram suas habilidades aos julgadores. O dia culminou com um jantar no GTF Cel Aparício Borges, seguido pelo Fandango e divulgação dos resultados no Salão da Comunidade Luterana São Paulo, na Esquina Gaúcha, onde o Grupo Bem Campeiro animou a celebração.

Matheus da Cunha Goggia Neves, do DTG Noel Guarani, de Santa Maria, foi escolhido o Peão Farroupilha

Confira os eleitos:

Categoria: PIÁ

1º Matheus Guiotto Vieira 9a RT - GF Chaleira Preta - Ijuí

2º Pedro Barboza das Neves 6o RT - CCN Sentinela do Rio Grande - Rio Grande

3º Enzo Gustavo Madalóz Romansin 7o RT - CTG Manoel Teixeira - Tapejara 

Categoria: GURI

1º Kauan de Melo Zambruski 11o RT - CTG Querência do Prata - Nova Prata

2º Arthur Portella Martins 17a RT - 35 CTG - Palmeira das Missões

3º Henrique Gehres Moraes 1a RT - CTG Aldeia dos Anjos – Gravataí 

Categoria: ADULTO

1º Matheus da Cunha Goggia Neves 13a RT - DTG Noel Guarani - Santa Maria

2º Thiago Rodrigues Miranda 6a RT - CCN Sentinela do Rio Grande - Rio Grande

3º Luiz Cassol Ferrigo 11a RT -  CTG Os Desgarrados – Guaporé






 

QUE TAL UM ASSADO DE JACARÉ? 




Nós, aqui pelo Sul, apreciamos um bom churrasco de gado, de ovelha, mas jacaré é uma iguaria que não faz parte de nosso cardápio. Isto é, não fazia. 

Esse assado inusitado exalou seu cheiro no Parque da Harmonia, na Capital, no último sábado, 20, por ocasião da 2ª edição do Expochurrasco. Em 42 estações montadas cerca de 5 mil pessoas puderam degustar carnes de mais de 10 países e a cultura do churrasco de 16 Estados. A estimativa é de que 8 toneladas de carnes foram consumidas. 

Chamou a atenção a banca que assava um búfalo inteiro e, dentre, bovinos, ovinos, suínos, bubalinas, aves e pescados, paella venezuelana, mollejas uruguaias, era servido a carne de jacaré. 

Bom proveito. 

         


 

CAVALGADA DE SÃO JORGE 





A Cavalgada de São Jorge ou Cavalgada da Tala como também é conhecida aconteceu ontem, 21, em sua 30ª edição, na zona sul da capital. Sob a coordenação do Templo Universal da Paz Pai Francisco de Luanda - Mestre Tala - a movimentação começou cedo e tomou conta de ruas e avenidas do Bairro Belém Novo.  

São Jorge é o orixá Ogum nas religiões de matriz africana, como umbanda e candomblé. O evento nasceu por causa de um acidente com cavalo. É o que conta João Diógenes Meira, o médium que participa vestido de São Jorge. 

- Eu tenho uma cabanha, e a filha de um funcionário levou um coice na cabeça, ficou muito mal. Ele fez uma promessa e nós fomos a cavalo até a Igreja São Jorge. Ela ficou bem e hoje é veterinária. E foi assim que começou.

O movimento percorre cerca de 16 quilômetros entre os bairros Belém novo e Lami onde chegam ao Castelo Sagrado do Pai Ogum. O evento faz parte do calendário oficial de Porto Alegre.     


domingo, 21 de abril de 2024

 

QUEM FOI TIRADENTES?


VOCÊ SABIA QUE TIRADENTES TAMBÉM FOI TROPEIRO?



“Tiradentes” era o apelido atribuído a Joaquim José da Silva Xavier, que ficou famoso por ser um dos líderes da Inconfidência Mineira e por ter sido o único, entre os inconfidentes, a receber a pena capital, isto é, a pena de morte, pela forca.
Nascido em 12 de novembro de 1746, na então Capitania de Minas Gerais, durante o Brasil Colonial, Joaquim José desempenhou várias profissões. Entre elas, estava a de dentista amador, por isso foi apelidado como Tiradentes. Além de dentista, Tiradentes também tentou a sorte como tropeiro (condutor de tropas de animais, transportadoras de mercadorias), minerador e mascate (mercador ambulante), mas fracassou em todas. A única profissão que lhe rendeu estabilidade foi o posto de alferes – patente abaixo da de tenente – da cavalaria de Dragões Reais de Minas, a força militar atuante na Capitania de Minas Geras e subordinada à Coroa Portuguesa.
Tiradentes, apesar de não ser um intelectual, interessava-se por escritos políticos, como as leis constitucionais dos Estados Unidos, país que havia conquistado a sua independência em 1776, quando o alferes tinha 30 anos de idade. Os interesses políticos de Joaquim José da Silva Xavier aos poucos foram se divergindo dos interesses de outros habitantes de Vila Rica, que era o centro da atividade mineradora do Brasil na época. Intelectuais como Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga, ambos poetas e conhecedores das ideias filosóficas do Iluminismo Francês, foram algumas das personalidades importantes com as quais Tiradentes se juntou com o objetivo de retirar do poder o então Governador da Capitania de Minas Gerais, nomeado pela Coroa Portuguesa, Visconde de Barbacena. Mas qual era o motivo para tal revolta?
O motivo principal que animava Tiradentes e os outros envolvidos na Inconfidência a se levantarem contra o governo de Visconde de Barbacena e o Império Português era a constante retirada das riquezas da região por meio de impostos excessivos. Do ouro produzido na Capitania de Minas de Gerais, a Coroa Portuguesa cobrava o chamado quinto, isto é, o equivalente a cerca de 20% do total extraído. Ocorreu que, a partir da década de 1760, a extração de ouro regrediu consideravelmente, mas não o valor do imposto. A taxa do quinto continuou a ser exigida dos mineradores locais, e o governador Barbacena, para fazer valer a lei, chegava até a impor agressões físicas.
O problema agravou-se mais ainda quando, para reverter a margem defasada dos quintos recolhidos, a Coroa Portuguesa autorizou a implementação da chamada derrama. A derrama obrigava os mineradores a cobrirem com suas posses, isto é, tudo aquilo que lhes pertencia como objeto de valor, o que faltava na quantia do quinto. Isso significava que o rombo provocado no pagamento do imposto à Coroa, resultante do declínio da mineração, acabou tendo que ser pago com outras formas de obtenção de dinheiro, como pedágios cobrados sobre o uso das estradas, escravos etc. Todos eram forçados a pagar a derrama.
A conspiração dos inconfidentes começou a ser preparada em 1788 para que as ações passassem a se realizar no ano seguinte. Tiradentes, por sua personalidade agitada, ficou conhecido como o mais radical dos inconfidentes, como diz o pesquisador Lucas Figueiredo, em seu livro Boa Ventura! A corrida do ouro no Brasil (1697-1810): 
“Um radical entre moderados, um franco entre dissimulados, ele defendia – publicamente e em qualquer lugar (de bordéis a residências de ricos mercadores) – uma revolução que tornasse Minas Gerais independente de Portugal. ''Era pena'', dizia o alferes, ''que uns países tão ricos como estes [as Minas Gerais] estivessem reduzidos à maior miséria, só porque a Europa, como esponja, lhe estivesse chupando toda a substância''”.
Tiradentes chegou a tramar a morte de Visconde de Barbacena, e isso só não foi concretizado porque Barbacena, por meio da confissão de um dos inconfidentes, José Silvério dos Reis, desmantelou a trama e prendeu todos os envolvidos.
Presos, muitos dos inconfidentes, temendo severas punições, não confessaram seus crimes. O único a fazê-lo foi Tiradentes, que, por isso mesmo, recebeu a pena mais dura, em um processo transcorrido na cidade do Rio de Janeiro, que só teve fim em 21 de abril de 1792. Tiradentes foi “enforcado, decapitado e esquartejado. Para que os súditos da Coroa nunca se esquecessem da lição, a cabeça de Tiradentes foi encravada num estaca e exposta em praça pública em Vila Rica, e seus membros, espalhados pela estrada que levava ao Rio de Janeiro.”
Vale notar que, tanto no período imperial quanto no período republicano, a imagem de Tiradentes passou a ser tomada como um ícone da liberdade e da independência do Brasil, como um herói da nação. Essa imagem foi constantemente reforçada por pinturas e monumentos (como a instalação do primeiro monumento dedicado a ele na cidade de Ouro Preto, em 1867). No ano de 1965, já na primeira fase do Regime Militar no Brasil, o marechal Castelo Branco, então presidente da República, contribuiu para o reforço dessa imagem de Tiradentes, sancionando a Lei Nº 4. 897, de 9 de dezembro, que instituía o dia 21 de abril como feriado nacional e Tiradentes como, oficialmente, Patrono da Nação Brasileira.