Por: Juarez Fonseca. Jornalista / Crítico Musical
Tive a sorte e a satisfação de conhecer pessoalmente esse artista histórico da música gaúcha. Nas vezes (não muitas) em que nos encontramos, a conversa fluiu ao natural, pois além de eu ser admirador dele desde menino, em muitas coisas pensávamos parecido. Por exemplo, ele também era contra os dogmas tradicionalistas que engessam a cultura gaúcha e hoje mais do que nunca se materializam em um conservadorismo retrógrado e direitista.
Nascido em Quaraí em 20 de maio de 1922, Luiz
Menezes não apenas é autor de um clássico como "Piazito Carreteiro"
(entre tantas grandes canções) como se tornaria um dos nomes mais populares do
rádio, apresentando com Darcy Fagundes o programa Grande Rodeio Coringa, líder
de audiência nas noites de domingo. Como compositor e cantor tinham um estilo
bem próprio, uma alma de seresteiro, exímio em músicas românticas - coisa rara
por estas bandas. "Por que, usando bombachas, eu não poderia cantar a
ternura do homem?", perguntou certa vez a um jornalista.
Foi dos primeiros também a apresentar
programas gauchescos na televisão. Foi presidente da Ordem dos Músicos do RS.
Desempenhou vários cargos públicos. Já maduro, foi secretário da Cultura de
Quaraí (1981). Fez muito em sua vida nos microfones e nos palcos. Acima de
tudo, foi o primeiro e cantar milonga em português! Um pioneiro. Seu centenário
deveria merecer muito mais atenção dos meios culturais e de comunicação do que
está tendo.
Luiz Menezes morreu em 12 de outubro de 2005
em sua cidade natal.
No próximo domingo, às 20h, no Theatro São
Pedro, será apresentado o show "Cantando Luiz Menezes", com suas
músicas interpretadas por Renato Fagundes e grupo de instrumentistas e
vocalistas. Também será gravado DVD. Produção de Izabel L'Aryan.