RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
Pinheiro Machado, ao centro, sentado, e seu estado maior - Revolução Federalista -

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

UM “MACHADINHO” NA ZERO HORA



....OU UM CONVITE A REFLEXÃO?


Ao ler a coluna de Moisés Mendes – página 47 da ZH de ontem, dia 10/09/14 – dentro de minha santa ignorância, realmente, fiquei em dúvidas.

Seria o colunista acima citado o “Machadinho” que faltava a ZH vindo a ocupar justamente o espaço mais disputado do jornal, ou seja, àquele bravamente constituído pelo conhecidíssimo Paulo Santana ou a segunda parte de seus escritos desta quarta-feira nos chamam para uma reflexão sobre o modo de ser e de proceder do povo gaúcho?

Apenas esclarecendo: Chamo de “Machadinho” (ou Machadinhos) àqueles intelectuais, jornalistas, mestres acadêmicos, que dedicam seu tempo para podar e denegrir sem muito fundamento a cultura, a história e a tradição gaúcha.    

A primeira vista, e pelo linguajar utilizado, pareceu-me que Moisés Mendes, que sabe bem o que bota no papel, seria mais um a somar-se à esta ilustre casta que busca vitrine pelo contraditório a uma das poucas alegrias do povo gaúcho, ficando inconformado com os festejos farroupilhas. Eu já estava me dando por feliz, pois já estamos a 11 de setembro e eles (Machadinhos) ainda não tinham se manifestado.      

Vejam alguns fragmentos do que escreveu o colunista (sem prejuízo ao contexto):

- Nos divertimos com nossas virtudes de estado pretensamente diferente “do resto”, com alguma bravura atávica de guerras de fronteira, com rebeliões que perdemos (mas ainda contamos como vitória) e com uma almejada superioridade como povo.

- O gaúcho médio é um pavão (às vezes, dissimulado) de cauda esfarrapada.

- Construímos caricaturas de gaúcho que, vistas de fora, teriam coerência com a imagem ameaçadora e infantilizada da guria da geral. A torcedora só teria oferecido mais um rosto a nossa empáfia.
É enganoso mas fazer o que? Talvez seja preciso olhar um pouco para a própria cauda alquebrada e repensar nosso jeito de ser. O 20 de Setembro não ajuda muito, porque é o momento de nos enganarmos também com o que pensamos que somos.

Em contraponto ao que escreveu Moisés Mendes eu diria:

- Não nos “divertimos” com nossas virtudes de Estado pretensamente diferente “do resto”. NÓS SOMOS diferentes dos DEMAIS Estados, mas não por melhores, ou piores, mas porque cultivamos um cultura própria, diferente (assim como faz Pernambuco, Amazonas, etc.). Esses costumes não são oriundos somente de guerras mas também de muito trabalho.

- REBELIÃO ocorre é em presídios. Antes da epopeia farrapa os gaúchos foram “pontas de lança” nas Guerras Cisplatinas, enquanto a Côrte comia, dormia e festava no Rio de Janeiro. De 20 de setembro de 1835 a 11 de setembro de 1836 promovemos uma REVOLUÇÃO (entre Estados membros) e depois desta data, por quase dez anos, ocorreu a GUERRA (entre Estados independentes).

- O critério de perder ou ganhar é muito subjetivo. O caráter inicial da “revolução” não era separatista e sim o de chamar a atenção do império para os problemas de nossa província. Sob este aspecto nós conseguimos nossos objetivos. Se formos ver unicamente o aspecto separatista podemos dizer que perdemos. Contudo, sob o caráter anímico, de identidade cultural, tenho plena convicção que saímos vitoriosos.

- Se na opinião deste jornalista, a qual temos que considerar e respeitar, durante todo este tempo de luta por uma cultura própria, o que conseguimos construir foi uma CARICATURA DE GAÚCHO, espero que, o que Paulo Santana construiu em 40 anos, não vire uma.... caricatura.

- Se o 20 de setembro é o momento de nos enganarmos, prezado Moisés Mendes, de repente vamos nos abrasileirar mais e adotar aquela festa que antecede a quaresma, isto é, o carnaval, como nossa data magna.   

Em tempo: A primeira parte de sua coluna (sobre racismo) está muito bem escrita.
Gravura: Pablo Uriburu