RETRATO DA SEMANA

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Pinheiro Machado, ao centro, sentado, e seu estado maior - Revolução Federalista -

terça-feira, 16 de setembro de 2014

O QUE DIZER DE NILTON FERREIRA?


Falando com sinceridade, me surpreendi quando o cantor Nilton Ferreira me contatou solicitando que eu fizesse a apresentação de seu mais recente trabalho Milonga de Pampa Y Cielo, onde musicou e interpreta com maestria própria, doze letras do poeta itaquiense João Sampaio. 

Não que eu não me sinta capaz pois quando a gente admira o trabalho de alguém, como é o caso, tudo fica simplificado, mas é que, lá pela redondeza, deve ter gente bem mais qualificada que este vivente.

O que posso dizer é que, além de surpreso, fiquei "loco" de contente pois, como já falei anteriormente, sou fã de carteirinha de Nilton Ferreira. Tanto é assim que nem esperei que a gravadora me enviasse seu trabalho. Quando soube que estava pronto, sábado de manhã, peguei a condução e fui lá no estande da ACIT no Acampamento Farroupilha, comprar esta grande obra.

O que escrevi no encarte? Está logo abaixo da foto.      


O QUE DIZER DE NILTON FERREIRA?

Os milhares de fãs de Nilton Ferreira poderiam se perguntar: - o que um serrano tem a dizer a respeito deste grande cantor terrunho da lendária Pampa Gaúcha e sobre o ritmo milonga? Na verdade, quando ambos (músico e música) transcendem fronteiras ao sabor dos sete ventos, tornam-se universais. Esta obra é o típico caso em que o talento não respeita geografias e alambrados.

Devo confessar que sou meio"enjoado" em se tratando de gosto musical. Não é qualquer refrão recantado que me faz gastar uns pilas na compra de um CD. Contudo, tem aqueles viventes em que boto fé, que me fazem cantar: contra-flor e o resto. Nilton Ferreira é um destes. Quando este galo abre o peito, sei que acordará o Rio Grande. Seu estilo autêntico, sua voz de Patrão, sua crença na arte perene, me leva, sem bater asas, para tempos e lugares que eu gostaria de ter vivenciado e conhecido.

O que nos consola é saber que o seu versejar abre cancelas, sem apear do cavalo, para que outras cantigas puras tenham passagem.

Uma frase de Nilton Ferreira resume páginas e páginas de delongados escritos: "Eu sempre acreditei neste tipo de trabalho que canto. Se quisesse modinha já teria estourado e ficado rico quem sabe financeiramente, mas felizmente optei por fazer cultura e ficar rico de uma outra maneira, com outros valores".

Precisaria dizer algo mais? Lo creio que não! Isto é o resumo sentimental dos que fizeram e fazem a verdadeira história musical desta terra sulina.

E quando um cantor deste naipe, no milonguear campesino, se "acolhera" com um compositor que traz inquietudes na alma e competência no que escreve o que poderia acontecer? A resposta é simples e transparente como vertente de grota: um dos melhores trabalhos da musicalidade campeira dos últimos anos no Rio Grande do Sul.

Parabéns Nilton Ferreira e João Sampaio por "encilharem" estas milongas e andejarem de forma tão qualificada,entre guerras e amores, neste ritmo que, através dos tempos, é a estampa musical de todos os gaúchos.

Léo Ribeiro de Souza