quarta-feira, 10 de novembro de 2010

CANTORIA - VIDA BONITA, MAS DIFÍCIL!

a gloriosa mas estafante luta de viver como cigarra no Rio Grande

- Quem me olha com apreço/chapéu tapeado na testa/não sabe o quanto padeço/quando estou longe de festa. Este é o refrão de uma letra que compus e que foi gravada pelo conjunto Os Tiranos, fazendo referência a este tema que ora abordo, ou seja, a dificuldade de viver da música no Rio Grande do Sul.

É bonito por demais bombear um artista, um grupo de baile, em cima de um palco animando multidões com suas composições. Contudo, não é fácil sobreviver desta maneira. Começa que a concorrência é muito grande, não só dentro do Estado. Para qualquer duplinha de sertanejos que se apresente aqui pelos pagos do sul, não se paga menos do que R$ 30.000,00. Já para o artista nativo, o índio tem que estar no auge para receber um cachê de R$ 8.000,00 e isto quando recebe pois, se olharmos para o céu, veremos inúmeros cheques voadores de prefeituras e organizadores de festivais.

Com os grupos de baile não é muito diferente: são três ou quatro que recebem R$ 15.000,00 por um fandango, isto, na maioria das vezes, tendo que sair do Estado, visto que nossos CTGs não tem condições de pagar este valor. A média de preço por uma bailanta não passa de R$ 4.000,00. E se pifa (estraga) um equipamento? Lá se foi o valor do bailongo!

Isto tudo sem falar no tal de ECAD, órgão ufanista, de fúria arrecadadora, mas onde não existe uma fiscalização sobre os reais valores que o artista tem direito a cada trimestre.

Se você colocar nesta balança os desgastes e os perigos de viver na estrada, a saudade da família, as noites mal dormidas, a falta de divulgação pela mídia local, a trairagem de "colegas", o cansaço de correr atrás da máquina e outras coisitas mais, podemos dizer que o artista rio-grandense é um herói ao persistir em cantar a sua terra e a sua gente.